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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tudo sobre a injeção da nova Honda Biz

Cada vez mais comum nas motos, a injeção eletrônica funciona como um exército. Existem soldados, espiões e até generais para comandar seu funcionamento


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Texto: Ricardo Dilser

ATENÇÃO SOLDADO, SENTIDO!!! Quando você liga a chave da sua moto injetada um exército entra em ação. Soldados de prontidão, espiões em busca de informações e comandantes prontos para darem as coordenadas. Uma batalha vai começar... O motor vai funcionar! Para isso um batalhão de sensores, atuadores, fios, fusíveis e um programa de computador são necessários. Tudo para saber o que você quer no acelerador e dosar a quantidade exata de combustível no motor. Para fazer isso com exatidão é preciso que esse exército tenha capacidade de tomar decisões rápidas, como numa guerra real. Existem momentos, por exemplo, onde há maior necessidade de combustível. Você mesmo sabe disso quando puxa o afogador da sua moto pela manhã. Por outro lado, em cargas suaves (pouco acelerador), a quantidade de gasolina pode (e deve, agora pela restrição de gases emitidos) ser reduzida ao mínimo.

Imaginemos o sistema de injeção eletrônica como uma estrutura militarizada. Temos os comandantes, que recebem informações e, em base delas, distribuem ordens aos soldados que realmente interferem na situação. Temos também os espiões, aqueles que alimentam os comandantes com informações sobre tudo o que está acontecendo. Na injeção, o comandante é a central eletrônica; os soldados são os atuadores, enquanto os informantes são os sensores. Dessa maneira, fica mais fácil entender o sistema de injeção, do mais simples, ao sofisticado.

Para se ter idéia, os modernos sistemas digitais são capazes de processar milhares de dados por segundo (imagine vários generais de exército processando inúmeras possibilidades e tomando decisões em milésimos de segundo), como a posição do virabrequim, a temperatura do motor, a posição da borboleta do acelerador (imposta pelo manete direito) e outros. Com base nestas informações repassadas pelos informantes, ou melhor sensores, a ECM (central de controle da injeção, os generais comandantes) consegue comandar seus soldados de guerra (os atuadores, como os injetores e/ou sistema de ignição, este último responsável pelo momento da centelha nas velas).

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Um verdadeiro exército
Não se pode falar em exército sem falar de informação. Estes informantes são os sensores. Vamos, então, ao roteiro deles e sua função. Espalhados em pontos estratégicos do motor, servem para informar ao módulo eletrônico (a central de inteligência do exército) o que está acontecendo naquele momento. Sua plataforma de funcionamento é baseada em variação de tensão. Normalmente eles trabalham de zero a cinco Volts, e a diferença entre essa voltagem é entendida pelos generais do alto comando (a ECM) como a real variação do que o sensor está lendo. Vamos "chutar" o funcionamento do informante de temperatura, por exemplo. Chute mesmo, imagine que a temperatura do motor esteja em 40 graus. Nesse momento, a tensão é de 1,5 Volts. Com 80 graus, a tensão é de 3,0 Volts. Os sensores, ou informantes mais conhecidos são os de temperatura (do ar e do motor, ligado ao sistema de óleo ou ao líquido de arrefecimento quando o propulsor é refrigerado a água), o de posição da borboleta do acelerador (TPS), o da posição do motor e da pressão/vácuo no coletor de admissão. As injeções mais modernas tem ainda sensor de oxigênio, um informante colocado no escapamento para o ajuste mais refinado da mistura ar/combustível. É mais ou menos assim: se a quantidade de combustível na queima for maior que a ideal, "sobra" menos oxigênio no escapamento (mistura rica). Se a mistura estiver pobre (menos combustível que o exigido), "sobrará" mais oxigênio no escapamento. Este sensor no escapamento indica ao alto comando do exército sobre esta situação, dando base para os generais tomarem decisões, ajustando a mistura num patamar jamais sonhado por qualquer carburador - que sem a plataforma "militarizada", é meio bagunçado, digamos assim. 
injecao-2.jpg  Esquema basico de funcionamento da injeção da nova Honda Biz (Clique para baixar a animação) 

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Raio X do sistema de injeção eletrônica da Honda Biz (Clique para baixar a animação) 
É dessa maneira, com variação de tensão nos sensores, que a injeção consegue orientar os atuadores, estes últimos, os soldados da hierarquia, aqueles que intercedem na mudança de algum fator, ou, simplesmente como os nomes sugerem, atuam no motor. E cabe aos soldados o papel de "mudar o cenário do motor". Os mais conhecidos são os bicos injetores, o acelerador eletrônico (já presente, por exemplo, na HD Road King Classic, mostrada emDUAS RODAS 394) e o próprio sistema de ignição, que tem capacidade de antecipar ou retardar o momento de centelha nas velas (o famoso ponto de ignição do motor). Na prática, e de maneira bem reduzida, os informantes (sensores) enviam as informações ao módulo eletrônico (o alto comando do exército) do motor que ratifica tudo isso e comanda os soldados/atuadores. Por exemplo, o informante de pressão no coletor, junto com o informante da posição da borboleta, indica a central eletrônica (aos generais) a exata quantidade de ar que o motor está admitindo naquele momento.
 Interpretada essa situação, o general comanda os soldados injetores a dosarem a quantidade ideal de combustível. Isso tudo, em conjunto com a ignição que pode antecipar ou retardar o momento da centelha, dependendo de várias outras situações, como a temperatura do motor (quando frio, o motor exige mais avanço na ignição e mais combustível... e assim por diante). Tudo em milésimos de segundo.

A maior função da injeção eletrônica é exatamente esta. Deixar o motor sempre ideal, independente das outras variações, como temperatura, posição do acelerador e até qualidade do combustível. Mas, como já dissemos, embora pareça mágica, ela não é. As manutenções ficam mais espaçadas (mas ainda existem, sobretudo em relação a bomba elétrica de combustível e filtro, que sofrem com a "qualidade" de nosso combustível), o funcionamento é muito mais linear e a pilotagem sempre mais prazerosa, sem se preocupar com a bóia da cuba do carburador ou com o cabo do afogador. Para isso existe um verdadeiro exército em ação, comandado pelo seu punho direito.

By: Revista duas rodas

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